A profusão e a hiperatividade são traços marcantes do trabalho de Inez Oludé, reconhecidos pela própria artista quando trata de sua obra. Na quarta fase em que organizamos sua trajetória profissional, aparece com destaque um dos trabalhos simultâneos aos quais ela se dedicava (enquanto cursava a Academia e a formação em História da Arte): o Vudu. Inez fazia muitos projetos ao mesmo tempo, e muitos quadros, e parte dessa produção se voltou para a história da África: em suas palavras, suas “raízes”, sua “ancestralidade”. A indagação que guiava o trabalho poderia ser sinterizada na pergunta sobre como poderiam ter sido as emoções, dores e sentimentos do povo africano durante o período que durou a escravidão. Para respondê-la, Inez experimentou uma espécie de transe, ao modo dos surrealistas, deixando as coisas fluírem. Contudo, tratou-se de um processo complexo, pois trouxe o medo, os clichês, a manipulação e o racismo que sempre giraram em torno da história da áfrica tal como contada pelo ocidente branco. Mas era preciso enfrentar tais problemas e Inez traduziu esse enfrentamento com retratos imaginários inspirados nos estudos que fez da arte africana, levando material do seu próprio inconsciente para as telas, que foram trabalhadas em diferentes formatos e dimensões.

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